Uma das dimensões fundamentais do bem viver é a espiritualidade. Mas, como explicá-la? Podemos, talvez, começar dizendo que é a maneira que vivemos, uma filosofia de vida e uma atitude que está diretamente relacionada com a nossa consciência. É o compromisso com o nosso sistema de valores.
Fazemos um planejamento existencial ou apenas um planejamento da nossa carreira? O que faço na minha família, no meu trabalho, nas minhas relações e no meu lazer responde aos anseios da minha alma? Para Maria Elena Pereira Johannpeter, que há décadas se dedica a buscar essas e outras respostas nesse campo, esse é um questionamento importante para nos fazermos.
Hoje em dia se fala tanto em propósito. Pois o propósito é algo da nossa alma, enquanto os nossos objetivos, a nossa maneira de bem viver e tudo o que fazemos, são do nosso mental. E qual o papel da consciência? “A consciência é o nosso sensor e está a serviço de nossa alma. É a forma de identificarmos se estamos no caminho certo por meio do nosso estado de espírito”, analisa a estudiosa.
Você se sente tranquila, serena e em paz? “Uma resposta positiva a essa pergunta pode ser o que chamamos de uma vibração da nossa alma nos dizendo que não está existindo um descolamento entre o nosso propósito e as nossas atitudes”, observa Maria Elena. Quando chegamos a este estágio, podemos dizer que estamos vivendo na espiritualidade. O mais importante é que esse estado é algo construído. É uma jornada. Como qualquer outra jornada, precisa de esforço próprio e diário. Não nascemos prontos.
Religiosidade e espiritualidade
Uma dúvida comum das pessoas é se religiosidade e espiritualidade são a mesma coisa. Maria Elena acredita que não. Ela explica que as doutrinas convencionais são um conjunto de dogma, rituais e regras que, à priori, deve ser seguido. É algo imposto de fora para dentro. Já a espiritualidade acontece do nosso interno para o externo. “É a consciência, como meu sensor, que me sinaliza se estou indo contra o propósito da minha alma. Eu dialogo com a minha alma, e tenho livre arbítrio para decidir e responder a todas as situações que a vida nos apresenta ou nos coloca. Não é uma imposição”, relata. Sempre que surgir uma situação desafiadora, devemos perguntar: o que a vida está querendo me dizer com isso? Qual o aprendizado que devo tirar dessa situação? “Se formos de coração aberto, podemos crescer pelo amor. E a recíproca também é verdadeira, ou seja, se nos fecharmos para a vida, também poderemos crescer, mas, pela dor”, analisa.
Desenvolver a nossa espiritualidade é estarmos inteiros no aqui e agora. É a maneira de estarmos plenos e mais saudáveis. A sensação de bem estar, paz interior, serenidade, enfim, tudo isso se expressa na nossa mente e no nosso corpo e, consequentemente, nas nossas relações, familiares, no trabalho e, principalmente, conosco mesmos. Buscar o nosso eu é uma jornada de bem viver. O prazer externo não nos preenche suficientemente. Mas, quando vem de dentro, da nossa alma, aí é permanente.
E qual o aviso mais recente que estamos recebendo sobre isso? Maria Elena acredita que é a pandemia global da Covid-19. “O vírus está mostrando para a humanidade que a maneira que estamos vivendo, não é a melhor nem a mais saudável, nem para os humanos e nem planeta. Temos que ampliar a nossa consciência e entendermos que Humanos e Planeta Terra, são um organismo único. Nós somos constituídos pelos mesmos quatro elementos: Terra (nosso corpo), Ar (nossa respiração), Água (nosso sangue e líquidos do nosso corpo) e Fogo (a essência que nos mantêm vivos). Portanto, se matarmos o Planeta, estaremos matando a nós mesmos. O universo está dando o seu recado”, conclui Maria Elena.
Assim, sejamos inteligentes: vamos nos cuidar para ficarmos plenos, saudáveis e felizes.